Uma população armada

Por Odemar Lúcio

A violência pode sim ser praticada de várias formas, contudo, esta necessita de mecanismos para que possa desenvolver-se e atingir níveis de agressividade e resistência, assim, percebe-se a importância adquirida pela arma de fogo dentro desse contexto.

Sabe-se que nossas fronteiras é a principal fonte de armas de fogo, visto que nossas fiscalizações ainda são insatisfatórias tamanho o fluxo e a extensão do perímetro a ser observado, dessa forma, este tipo de contrabando alimenta o poder de fogo das quadrilhas e dos bandidos, a capitalização dos grupos e a disseminação de armas na sociedade, de maneira que cada vez mais o ambiente em que vivemos torna-se mais propício ao aumento da violência em geral.

Se o problema da fiscalização das fronteiras não for resolvido, será sempre complicado desenvolver políticas efetivas contra a violência, o contrabando de mercadorias, o comércio de drogas, o tráfico de pessoas e outros exemplos dessa natureza. Consideravelmente, o Brasil não é produtor de armas, contudo é inacreditável o potencial de armamento que encontra-se em poder dos bandidos, por exemplo, certa vez, fazendo leitura em um jornal, encontrei uma matéria que tratava de uma apreensão feita pela Polícia Federal, onde mostrava um rifle de fabricação japonesa modelo AK-47, capaz de romper até blindagem de carro forte, deixando claro o alto poderio da criminalidade e a disparidade em relação às nossas forças de segurança.

Devido a descrença ou pouco confiança na eficácia das políticas de segurança, observa-se um fenômeno social que nasce paralelo à violência, refiro-me ao armamento por parte da sociedade, que na ânsia de proteger a si e aos de sua dependência, adquirem armas sem registro e consciência dos órgãos fiscalizadores – o que caracteriza crime – e acomodam dentro de suas casas, criando um cenário onde o mesmo pode tornar-se um criminoso, terceiros podem se apoderar da arma e até mesmo o dono pode ser a vítima dela, enfim, a sociedade tornou-se um barril de pólvora.