5 de maio de 2012

São João sem forró não é São João

Odemar Lúcio
De fato, as comemorações juninas, lideradas pelo São João, são os principais eventos que compõem o calendário festivo das regiões interioranas do nordeste brasileiro, dessa forma, anualmente milhões de foliões caem no forró e assim movimentam a economia dessas cidades que ainda mantêm viva essa manifestação cultural, entretanto, ao longo do tempo um contra-senso foi se instalando com certa morosidade e agora começa a ameaçar a totalidade dessa realidade.

Já dizia os antigos sanfoneiros que arraiá junino pra ser bom tem que ter licor caseiro, amendoim, milho assado, fogueira acesa no terreiro e muito forró no salão, contudo, imagine então se aos poucos estes atrativos fossem sendo retirados, o que aconteceria? É isso aí, o arraiá tradicional acabaria, e é isso que está acontecendo.
Há alguns anos um fenômeno vem crescendo e de forma que vem provocando uma mudança que, a meu ver, é corrosivo à integralidade cultural do São João, nesses termos me refiro à introdução de outros ritmos que não o forró nos arraiás organizados pelas prefeituras e pelos promotores de festas fechadas marcadas para este período. Não quero aqui diminuir ou desconsiderar o valor cultural de ritmos como o axé, o pagode, o arrocha ou qualquer outro, entretanto, quero sim ressalvar a importância de manter e reafirmar a inteireza da tradição dos arraiás de São João como era antigamente: licor caseiro, amendoim, milho assado, fogueira acesa no terreiro e muito forró no salão.
Aos poucos, na tentativa de atrair mais público, estão transformando o São João em um carnaval fora de época, um festival de ritmos onde o forró está se tornando mero participante – é o que chamamos de gato por lebre. Particularmente, defendo que os festejos de São João sejam reservados para a apresentação de bandas de forró – é o mínimo que os foliões esperam! Isso porque, o encanto de ir a um arraiá junino é justamente o de apreciar as tipicidades dessa tradição popular, ou seja, cair no arrasta pé até o dia amanhecer. Assim sendo, que o Rei do Baião no abençoe, amém!

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