As primeiras aulas de
francês começaram na cozinha de casa, onde a filha virou aluna e a mãe,
professora. Naquela época, Natália Marques não sabia que as lições iriam
levá-la tão longe: hoje ela estuda letras modernas na Universidade
Paris-Sorbonne. Mas o caminho até a França não foi simples. Natália sempre
estudou em escolas públicas e a família não tinha dinheiro para matricular
nenhum dos três filhos em um curso de idiomas. "Eu vi que os primos dela
aprendiam inglês desde criança. Então eu disse 'filha, não posso pagar, mas vou
te ensinar o que eu sei", conta a mãe Sandra Marques, que aprendeu as
primeiras palavras em francês com uma amiga e depois ganhou uma bolsa para
estudar o idioma na adolescência. Sem dinheiro para um curso da filha, a mãe
instalou um quadro branco na cozinha e começou a ensinar Natália aquilo que
sabia. Sandra é professora de educação infantil e, por causa da fluência em
francês, nas horas vagas trabalha como baby sitter (babá) em casa de famílias
estrangeiras que moram no Brasil.
Por influência da mãe,
Natália também começou a trabalhar cuidando de crianças francesas no horário de
folga da escola. Em 2012, foi convidada para acompanhar uma família francesa
que iria voltar para o país. "Fiz cursinho e fui aceita na PUC com bolsa
integral pelo Prouni. Mas, para minha surpresa, no primeiro semestre de aula
recebi uma proposta para ser au pair (bab)] na França e não hesitei: larguei
tudo e vim para cá", diz. Ficou quase um ano trabalhando por lá e voltou
com um novo sonho: fazer uma faculdade na França. Foi um longo ano de
preparação para o exame de proficiência, com muitas horas de estudo em casa, e
a seleção. "Tinha dias que não aguentava mais estudar e tudo parecia tão
impossível que tinha vontade de chutar o balde. Mas minha mãe sempre dizia que
eu era inteligente e que podia ir longe", diz
Voz da Bahia
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