Estive pensando
que nós nascemos como cavalos selvagens, despidos de todas as amarras, sem
selas, cabrestos e ferraduras. Livres ideologicamente falando. Mas ao decorrer
da vida somos selados. Aprisionados a um caminho que nem sequer escolhemos.
Internalizamos
valores, costumes e crenças. Vamos nos desconstruindo até que perdemos a
liberdade. Afinal, quem nós somos? Do que somos capazes? E aonde queremos
chegar?
Com o passar do
tempo perdemos as rédeas da vida. E somos vendados pelo preconceito. E temos dificuldade
em enxergar a visão do outro. Diminuímos o nosso alcance, limitamo-nos segundo os
nossos interesses. Estamos presos a um conjunto de regras e imposições sociais
a tal ponto que deixamos de ser nós mesmos e nos tornamos produto do meio.
Já não ousamos
mais, queremos ser iguais a todo o mundo para sermos aceitos e bem-vistos. E o
que vale é ser politicamente correto. E nessa massa de manobra deixamos de nos
conhecer. Viramos cópias, perdemos a originalidade e a autenticidade. Até as nossas
roupas são ditadas. Viramos tendências. Temos que vestir o que está na moda.
Precisamos
vestir quem somos nós, a nossa verdadeira identidade. Pensar o que somos e como
somos. Voltar a ser cavalos selvagens. Livres e corajosos, guiados pelo próprio
instinto, sem rédeas, conduzidos rumo ao desconhecido. Desbravadores de mundos,
externalizando os nossos sentimentos.
Existem muitos
sentimentos reprimidos, pessoas que são conduzidas por um conjunto de regras e
valores e com o passar do tempo esquecem quem são, o que eram e quem serão.
Apenas vivem ou sobrevivem. Desprovidos de opinião. Emburrecidos pelo óbvio, com
medo da mudança e sem expressão.
Neia Andrade é colunista e professora. E-mail: neia.andrade.ba@gmail.com
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